Adubação verde: definição e contextualização

 

A adubação verde compreende ao uso de plantas que são cultivadas em rotação ou associação com cultivos comerciais, visando manter, melhorar ou restaurar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. O uso da adubação verde na agricultura é bem antigo: diferentes povos empregaram adubos verdes em propriedades rurais ao longo de milhares de anos. Chineses, gregos e romanos, desde antes da era Cristã, empregavam leguminosas para aumentar a fertilidade dos solos.

Ao longo do tempo, a prática da adubação verde foi amplamente empregada e aprimorada na agricultura. Atualmente, o manejo de adubos verdes pode ser feito com a incorporação da biomassa vegetal ao solo ou a sua manutenção sobre superfície do solo. Essa prática traz inúmeros benefícios ao agroecossistema, como por exemplo, proteção do solo contra os processos erosivos, maior infiltração e armazenamento de água no solo, maior acúmulo de matéria orgânica, reciclagem e fornecimento de nutrientes, descompactação do solo, controle de plantas invasoras e de nematoides do solo.

Quer saber mais sobre os principais benefícios da adubação verde, as principais formas de manejo dos adubos verdes e as principais culturas que podem ser utilizadas? Tudo isso e muito mais você pode conferir ao longo deste texto. Então, boa leitura. 

 

Quais os principais benefícios da adubação verde?

 

A técnica de adubação verde pode trazer diversos benefícios para o agricultor. Os adubos verdes melhoram os atributos químicos, físicos e biológicos do solo. Além disso, podem atuar também no controle de plantas daninhas. Dessa forma, a adubação verde atua direta e indiretamente para o aumento da produtividade da cultura principal, devido a melhoria dos atributos do solo. Assim, a utilização de adubos verdes pode gerar ganhos significativos na produção agrícola, aumentando a rentabilidade e o lucro do produtor rural.

Diante de tantos benefícios, fica evidente que a adubação verde é uma prática agrícola que deve ter a devida atenção pelo agricultor. Pois, essa técnica promove uma série de vantagens ao agroecossistema, tornando-o mais sustentável e resiliente. Portanto, o agricultor que utiliza a adubação verde em sua propriedade tem a possibilidade de aumentar a eficiência e o sucesso do seu sistema produtivo. Confira a seguir, de maneira mais detalhada, os principais benefícios da adubação verde.

 

Atributos químicos do solo

Os adubos verdes podem incrementar os atributos da fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes e do fornecimento de matéria orgânica. Certas culturas utilizadas como adubos verdes têm a capacidade de absorver os nutrientes das camadas mais profundas do solo e, após a decomposição da sua biomassa, disponibilizá-los para as culturas subsequentes. Ademais, alguns adubos verdes possuem a capacidade de solubilizar nutrientes imobilizados no solo. Por exemplo, algumas culturas são capazes de solubilizar e absorver formas de fósforo de baixa disponibilidade que, após a decomposição da biomassa, volta ao solo em formas mais disponíveis e acessíveis, sendo absorvido pela cultura subsequente.

Além disso, os adubos verdes aumentam os teores de matéria orgânica no solo em longo prazo. Isso ocorre devido ao aporte de grandes quantidades de biomassa dos adubos verdes, que são decompostas ao logo do tempo. A elevação do teor de matéria orgânica do solo, além de melhorar as características químicas do solo, como o aumento da capacidade de troca catiônica (CTC) e bloqueando os sítios de adsorção de fosfato, contribui significativamente para a melhoria das características físicas do solo.

 

Atributos físicos do solo

Os adubos verdes melhoram as características físicas do solo de diferentes formas: aumentam a porosidade, a capacidade de infiltração e a retenção de água no solo, melhoram a estrutura e a agregação do solo, diminuem a compactação do solo, controlam a temperatura do solo etc. O aumento do teor da matéria orgânica, resultado da decomposição da biomassa dos adubos verdes, é fundamental para a melhoria das características físicas do solo.

 

Atributos biológicos do solo

Outro benefício dos adubos verdes é o aumento da atividade microbiana e da biodiversidade do agroecossistema. A biomassa dos adubos verdes é uma fonte de energia e nutrientes para os microrganismos, o que favorece a atividade microbiana no solo. Além disso, a cobertura vegetal controla a temperatura do solo e o mantém úmido por mais tempo, criando condições que favorecem o desenvolvimento de organismos no solo. 

Ademais, a adubação verde também pode ser utilizada com fins fitossanitários, como por exemplo, para o controle de nematoides do solo, para a quebra do ciclo de pragas e para atração de inimigos naturais. Os adubos verdes contribuem, ainda, para maior diversidade biológica do agroecossistema, seja no interior do solo ou em sua superfície.

 

Quais culturas podem ser usadas na adubação verde?

 

Muitas pessoas acreditam, de forma equivocada, que apenas as leguminosas podem ser utilizadas como adubos verdes. Realmente, as leguminosas são as culturas mais utilizadas na adubação verde, veremos adiante o porquê. Mas, na verdade, gramíneas e outras culturas também podem ser utilizadas como adubos verdes. 

Diante disso, podem surgir diversos questionamentos por parte do agricultor: Quais as principais características das culturas usadas como adubos verdes? Quando devo escolher uma leguminosa ou uma gramínea como adubo verde? É possível utilizar diferentes culturas como adubos verdes ao mesmo tempo? Quais os principais adubos verdes utilizados na agricultura?

Esses e outros questionamentos serão respondidos ao longo deste tópico. Confira a seguir:

 

Leguminosas

As plantas da família Fabaceae são as mais utilizadas como adubos verdes. A principal vantagem das leguminosas é a capacidade de realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN) a partir da associação com bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico. Dessa forma, essas plantas atuam, principalmente, no fornecimento de nitrogênio para a cultura principal, contribuindo para a economia de fertilizantes nitrogenados. Além disso, outros nutrientes também são disponibilizados durante a decomposição da biomassa das leguminosas.

Outra vantagem das leguminosas são as suas raízes profundas. Essas plantas possuem raízes que têm capacidade de explorar um grande volume de solo. Assim, são capazes de absorver nutrientes presentes em camadas mais profundas e, após a decomposição da sua biomassa, disponibilizá-los nas camadas mais superficiais do solo, facilitando a absorção pela cultura principal. Além disso, essas raízes têm grande capacidade de romper camadas compactadas do solo, aumentando a porosidade do solo e a capacidade de infiltração de água.

Entre as principais leguminosas utilizadas como adubos verdes podemos citar: crotalárias, feijão-de-porco, mucunas, feijão-caupi e guandu, dentre os adubos verdes anuais de verão; tremoço e ervilhaca, dentre os adubos verdes anuais de inverno; amendoim forrageiro, calopogônio e cudzu tropical, dentre os adubos verdes perenes e herbáceos; e gliricídia, dentre os adubos verdes arbóreos.

 

Gramíneas

Diferente das leguminosas, as gramíneas não possuem capacidade de associação com bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico e nem possuem raízes profundas. Entretanto, também possuem diversas vantagens. Por exemplo, embora possuam raízes superficiais, as gramíneas apresentam grande volume radicular, o que contribui para maior acúmulo de matéria orgânica na subsuperfície do solo, contribuindo para o aumento da porosidade e da agregação do solo. 

Além disso, as gramíneas apresentam maior teor de carbono em relação ao nitrogênio na sua biomassa, o que permite que a sua biomassa demore mais tempo para se decompor quando comparado com as leguminosas. Isso é importante para a manutenção da palhada por mais tempo na superfície do solo, com impacto direto na proteção contra processos erosivos. Ademais, como a decomposição é mais lenta, os nutrientes são disponibilizados lentamente ao longo do tempo. Dessa forma, o uso de gramíneas como adubos verdes é ideal quando o principal objetivo é a manutenção da cobertura do solo.

As principais gramíneas utilizadas na adubação verde são: sogro forrageiro e milheto, dentre os adubos verdes de verão; aveia e centeio, dentre os adubos verdes de inverno.

 

Outras plantas

Além de leguminosas e gramíneas, outras plantas também podem ser utilizadas como adubos verdes. Um exemplo é o girassol, planta anual da família das Asteraceae, comumente utilizado como adubo verde de verão por possuir desenvolvimento inicial rápido, eficiência na reciclagem de nutrientes e pela sua capacidade de proteção dos solos contra a erosão e a infestação de invasoras. Outro exemplo é o nabo forrageiro, planta da família das Crucíferas, adubo verde de inverno que possui raízes com capacidade para descompactar o solo, além de cobrir o solo rapidamente e controlar plantas invasoras.

Além disso, o agricultor tem a opção de manejar as plantas invasoras de sua área utilizando-as como adubo verde. As plantas invasoras podem ser roçadas e sua biomassa mantida sobre a superfície do solo ou incorporada, com o objetivo de disponibilizar nutrientes ao longo do tempo e/ou proteger o solo contra processos erosivos. 

 

Coquetel de adubos verdes

Muitos agricultores utilizam a adubação verde com o objetivo de fornecer nutrientes ao longo do tempo para a cultura principal e proteger o solo contra processos erosivos. Devido à alta capacidade de mobilização e ciclagem de nutrientes, principalmente nitrogênio, as leguminosas são bastante utilizadas com o intuito de melhorar os atributos da fertilidade do solo. Entretanto, a biomassa dessas plantas apresenta alto teor de nitrogênio. Assim, a decomposição da biomassa é mais rápida. No entanto, as gramíneas, por possuírem menor teor de nitrogênio na sua biomassa, apresentam uma decomposição mais lenta, garantindo maior proteção do solo a processos erosivos.

Diante disso, para conciliar o fornecimento de nutrientes para a cultura principal e a maior proteção do solo contra a erosão, é comum a adoção de leguminosas e gramíneas como adubos verdes ao mesmo tempo. Além disso, existem outras características dos adubos verdes, como por exemplo, descompactação de camadas compactadas do solo e controle fitossanitário, que não estão presentes em todas as culturas. Dessa forma, a depender do objetivo do manejo agrícola, o agricultor poderá utilizar diferentes culturas como adubos verdes ao mesmo tempo. Essa técnica é conhecida como coquetel e é muito comum na adubação verde.

 

Como utilizar a adubação verde?

 

A adubação verde pode ser utilizada de diversas formas: com a incorporação da biomassa ao solo ou a sua manutenção na superfície do solo; em pré-cultivo ou em consórcio com culturas pré-estabelecidas. A escolha do manejo adequado do adubo verde fica a critério do agricultor e deve ser escolhido mediante ao seu objetivo principal. Para isso, deve-se levar em consideração as características da área produtiva, as condições climáticas da região, as características do solo e o sistema produtivo adotado. Quer saber mais sobre como utilizar adubação verde de forma eficiente? Prossiga a leitura e confira os detalhes de cada forma de uso e manejo dos adubos verdes.

 

Biomassa dos adubos verdes: manter sobre a superfície do solo ou incorporar?

O manejo dos adubos verdes pode ser feito de duas formas diferentes: mantendo a biomassa das culturas sobre a superfície do solo ou incorporando-as no interior do solo. A primeira opção é mais prática e barata, e deve ser a escolhida quando o objetivo principal for proteger o solo dos processos erosivos. Nesse caso, a decomposição da biomassa vegetal tende a ser mais lenta e a liberação de nutrientes é feita gradativamente ao longo do tempo à medida que o material vegetal é decomposto. Nessa etapa, pode ser utilizado, por exemplo, roçadeiras para cortar os adubos verdes e mantê-los sobre a superfície do solo.

Por outro lado, a incorporação dos adubos verdes ao solo demanda mais investimentos, já que o solo precisa ser removido para que a biomassa vegetal seja incorporada. Essa técnica é ideal quando o objetivo é uma rápida liberação de nutrientes para o solo, principalmente nas camadas mais profundas do solo. Assim, o adubo verde é cortado, o solo é removido e a biomassa vegetal incorporada.

Seja qual for o manejo escolhido, é importante que o corte dos adubos verdes seja feito no momento da floração, antes da formação das vargens ou dos frutos, em cada caso. Isso porque na etapa da floração ocorre uma grande mobilização de nutrientes para as folhas, preparando a planta para a formação dos frutos. É nesse momento em que há maior concentração de nutrientes na biomassa vegetal, por isso o corte dos adubos verdes deve ser feito nesse momento, para garantir mais disponibilização de nutrientes para a cultura principal.

 

Adubos verdes em pré-cultivo

Conforme o próprio nome já diz, o uso de adubos verdes em pré-cultivo ocorre anteriormente ao cultivo da cultura principal. Assim, o adubo verde é plantado na área destinada ao plantio de uma cultura antes de sua implementação. O objetivo da adubação verde em pré-cultivo podem ser vários: descompactar camadas compactadas, quebrar o ciclo de pragas, controlar nematoides do solo, realizar a ciclagem de nutrientes etc. Essa forma de adubação verde pode ser utilizada tanto em culturas anuais como perenes. O objetivo principal é melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo para o melhor crescimento e desenvolvimento da cultura subsequente. 

 

Adubos verdes em consórcio

O cultivo de adubos verdes em consórcio com a cultura principal é ideal para culturas perenes e semiperenes já implementadas. Nesse caso, os adubos verdes são plantados nas entrelinhas do cultivo principal. Assim, deve-se ficar atento a alguns cuidados do cultivo em consórcio. Por exemplo, é preciso utilizar adubos verdes que não possuam substâncias que prejudiquem o desenvolvimento da cultura principal (substâncias alelopáticas); a densidade das plantas deve ser de tal maneira que evite a competição por água, luz e nutrientes; não deve ser utilizados adubos verdes de hábito trepador; também não deve ser utilizados adubos verdes que possam atrair insetos pragas ou patógenos para o cultivo principal. 

 

Conclusão

 

Chegamos ao fim do texto e, a partir da leitura, é possível concluir que a adubação verde é uma prática agrícola utilizada em agroecossistemas sustentáveis para aumentar a produtividade das culturas através da melhoria da qualidade química, física e biológica do solo, contribuindo para a redução dos custos de produção das culturas. Para a escolha das espécies de adubos verdes devem ser levados em consideração as condições climáticas da região, as características do solo, a disponibilidade de sementes na região, o objetivo do manejo agrícola, entre outros. Além disso, o manejo e a manutenção dos adubos verdes devem ser escolhidos de acordo com a necessidade do agricultor. 

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Adubação verde: definição e contextualização

 

A adubação verde compreende ao uso de plantas que são cultivadas em rotação ou associação com cultivos comerciais, visando manter, melhorar ou restaurar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. O uso da adubação verde na agricultura é bem antigo: diferentes povos empregaram adubos verdes em propriedades rurais ao longo de milhares de anos. Chineses, gregos e romanos, desde antes da era Cristã, empregavam leguminosas para aumentar a fertilidade dos solos.

Ao longo do tempo, a prática da adubação verde foi amplamente empregada e aprimorada na agricultura. Atualmente, o manejo de adubos verdes pode ser feito com a incorporação da biomassa vegetal ao solo ou a sua manutenção sobre superfície do solo. Essa prática traz inúmeros benefícios ao agroecossistema, como por exemplo, proteção do solo contra os processos erosivos, maior infiltração e armazenamento de água no solo, maior acúmulo de matéria orgânica, reciclagem e fornecimento de nutrientes, descompactação do solo, controle de plantas invasoras e de nematoides do solo.

Quer saber mais sobre os principais benefícios da adubação verde, as principais formas de manejo dos adubos verdes e as principais culturas que podem ser utilizadas? Tudo isso e muito mais você pode conferir ao longo deste texto. Então, boa leitura. 

 

Quais os principais benefícios da adubação verde?

 

A técnica de adubação verde pode trazer diversos benefícios para o agricultor. Os adubos verdes melhoram os atributos químicos, físicos e biológicos do solo. Além disso, podem atuar também no controle de plantas daninhas. Dessa forma, a adubação verde atua direta e indiretamente para o aumento da produtividade da cultura principal, devido a melhoria dos atributos do solo. Assim, a utilização de adubos verdes pode gerar ganhos significativos na produção agrícola, aumentando a rentabilidade e o lucro do produtor rural.

Diante de tantos benefícios, fica evidente que a adubação verde é uma prática agrícola que deve ter a devida atenção pelo agricultor. Pois, essa técnica promove uma série de vantagens ao agroecossistema, tornando-o mais sustentável e resiliente. Portanto, o agricultor que utiliza a adubação verde em sua propriedade tem a possibilidade de aumentar a eficiência e o sucesso do seu sistema produtivo. Confira a seguir, de maneira mais detalhada, os principais benefícios da adubação verde.

 

Atributos químicos do solo

Os adubos verdes podem incrementar os atributos da fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes e do fornecimento de matéria orgânica. Certas culturas utilizadas como adubos verdes têm a capacidade de absorver os nutrientes das camadas mais profundas do solo e, após a decomposição da sua biomassa, disponibilizá-los para as culturas subsequentes. Ademais, alguns adubos verdes possuem a capacidade de solubilizar nutrientes imobilizados no solo. Por exemplo, algumas culturas são capazes de solubilizar e absorver formas de fósforo de baixa disponibilidade que, após a decomposição da biomassa, volta ao solo em formas mais disponíveis e acessíveis, sendo absorvido pela cultura subsequente.

Além disso, os adubos verdes aumentam os teores de matéria orgânica no solo em longo prazo. Isso ocorre devido ao aporte de grandes quantidades de biomassa dos adubos verdes, que são decompostas ao logo do tempo. A elevação do teor de matéria orgânica do solo, além de melhorar as características químicas do solo, como o aumento da capacidade de troca catiônica (CTC) e bloqueando os sítios de adsorção de fosfato, contribui significativamente para a melhoria das características físicas do solo.

 

Atributos físicos do solo

Os adubos verdes melhoram as características físicas do solo de diferentes formas: aumentam a porosidade, a capacidade de infiltração e a retenção de água no solo, melhoram a estrutura e a agregação do solo, diminuem a compactação do solo, controlam a temperatura do solo etc. O aumento do teor da matéria orgânica, resultado da decomposição da biomassa dos adubos verdes, é fundamental para a melhoria das características físicas do solo.

 

Atributos biológicos do solo

Outro benefício dos adubos verdes é o aumento da atividade microbiana e da biodiversidade do agroecossistema. A biomassa dos adubos verdes é uma fonte de energia e nutrientes para os microrganismos, o que favorece a atividade microbiana no solo. Além disso, a cobertura vegetal controla a temperatura do solo e o mantém úmido por mais tempo, criando condições que favorecem o desenvolvimento de organismos no solo. 

Ademais, a adubação verde também pode ser utilizada com fins fitossanitários, como por exemplo, para o controle de nematoides do solo, para a quebra do ciclo de pragas e para atração de inimigos naturais. Os adubos verdes contribuem, ainda, para maior diversidade biológica do agroecossistema, seja no interior do solo ou em sua superfície.

 

Quais culturas podem ser usadas na adubação verde?

 

Muitas pessoas acreditam, de forma equivocada, que apenas as leguminosas podem ser utilizadas como adubos verdes. Realmente, as leguminosas são as culturas mais utilizadas na adubação verde, veremos adiante o porquê. Mas, na verdade, gramíneas e outras culturas também podem ser utilizadas como adubos verdes. 

Diante disso, podem surgir diversos questionamentos por parte do agricultor: Quais as principais características das culturas usadas como adubos verdes? Quando devo escolher uma leguminosa ou uma gramínea como adubo verde? É possível utilizar diferentes culturas como adubos verdes ao mesmo tempo? Quais os principais adubos verdes utilizados na agricultura?

Esses e outros questionamentos serão respondidos ao longo deste tópico. Confira a seguir:

 

Leguminosas

As plantas da família Fabaceae são as mais utilizadas como adubos verdes. A principal vantagem das leguminosas é a capacidade de realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN) a partir da associação com bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico. Dessa forma, essas plantas atuam, principalmente, no fornecimento de nitrogênio para a cultura principal, contribuindo para a economia de fertilizantes nitrogenados. Além disso, outros nutrientes também são disponibilizados durante a decomposição da biomassa das leguminosas.

Outra vantagem das leguminosas são as suas raízes profundas. Essas plantas possuem raízes que têm capacidade de explorar um grande volume de solo. Assim, são capazes de absorver nutrientes presentes em camadas mais profundas e, após a decomposição da sua biomassa, disponibilizá-los nas camadas mais superficiais do solo, facilitando a absorção pela cultura principal. Além disso, essas raízes têm grande capacidade de romper camadas compactadas do solo, aumentando a porosidade do solo e a capacidade de infiltração de água.

Entre as principais leguminosas utilizadas como adubos verdes podemos citar: crotalárias, feijão-de-porco, mucunas, feijão-caupi e guandu, dentre os adubos verdes anuais de verão; tremoço e ervilhaca, dentre os adubos verdes anuais de inverno; amendoim forrageiro, calopogônio e cudzu tropical, dentre os adubos verdes perenes e herbáceos; e gliricídia, dentre os adubos verdes arbóreos.

 

Gramíneas

Diferente das leguminosas, as gramíneas não possuem capacidade de associação com bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico e nem possuem raízes profundas. Entretanto, também possuem diversas vantagens. Por exemplo, embora possuam raízes superficiais, as gramíneas apresentam grande volume radicular, o que contribui para maior acúmulo de matéria orgânica na subsuperfície do solo, contribuindo para o aumento da porosidade e da agregação do solo. 

Além disso, as gramíneas apresentam maior teor de carbono em relação ao nitrogênio na sua biomassa, o que permite que a sua biomassa demore mais tempo para se decompor quando comparado com as leguminosas. Isso é importante para a manutenção da palhada por mais tempo na superfície do solo, com impacto direto na proteção contra processos erosivos. Ademais, como a decomposição é mais lenta, os nutrientes são disponibilizados lentamente ao longo do tempo. Dessa forma, o uso de gramíneas como adubos verdes é ideal quando o principal objetivo é a manutenção da cobertura do solo.

As principais gramíneas utilizadas na adubação verde são: sogro forrageiro e milheto, dentre os adubos verdes de verão; aveia e centeio, dentre os adubos verdes de inverno.

 

Outras plantas

Além de leguminosas e gramíneas, outras plantas também podem ser utilizadas como adubos verdes. Um exemplo é o girassol, planta anual da família das Asteraceae, comumente utilizado como adubo verde de verão por possuir desenvolvimento inicial rápido, eficiência na reciclagem de nutrientes e pela sua capacidade de proteção dos solos contra a erosão e a infestação de invasoras. Outro exemplo é o nabo forrageiro, planta da família das Crucíferas, adubo verde de inverno que possui raízes com capacidade para descompactar o solo, além de cobrir o solo rapidamente e controlar plantas invasoras.

Além disso, o agricultor tem a opção de manejar as plantas invasoras de sua área utilizando-as como adubo verde. As plantas invasoras podem ser roçadas e sua biomassa mantida sobre a superfície do solo ou incorporada, com o objetivo de disponibilizar nutrientes ao longo do tempo e/ou proteger o solo contra processos erosivos. 

 

Coquetel de adubos verdes

Muitos agricultores utilizam a adubação verde com o objetivo de fornecer nutrientes ao longo do tempo para a cultura principal e proteger o solo contra processos erosivos. Devido à alta capacidade de mobilização e ciclagem de nutrientes, principalmente nitrogênio, as leguminosas são bastante utilizadas com o intuito de melhorar os atributos da fertilidade do solo. Entretanto, a biomassa dessas plantas apresenta alto teor de nitrogênio. Assim, a decomposição da biomassa é mais rápida. No entanto, as gramíneas, por possuírem menor teor de nitrogênio na sua biomassa, apresentam uma decomposição mais lenta, garantindo maior proteção do solo a processos erosivos.

Diante disso, para conciliar o fornecimento de nutrientes para a cultura principal e a maior proteção do solo contra a erosão, é comum a adoção de leguminosas e gramíneas como adubos verdes ao mesmo tempo. Além disso, existem outras características dos adubos verdes, como por exemplo, descompactação de camadas compactadas do solo e controle fitossanitário, que não estão presentes em todas as culturas. Dessa forma, a depender do objetivo do manejo agrícola, o agricultor poderá utilizar diferentes culturas como adubos verdes ao mesmo tempo. Essa técnica é conhecida como coquetel e é muito comum na adubação verde.

 

Como utilizar a adubação verde?

 

A adubação verde pode ser utilizada de diversas formas: com a incorporação da biomassa ao solo ou a sua manutenção na superfície do solo; em pré-cultivo ou em consórcio com culturas pré-estabelecidas. A escolha do manejo adequado do adubo verde fica a critério do agricultor e deve ser escolhido mediante ao seu objetivo principal. Para isso, deve-se levar em consideração as características da área produtiva, as condições climáticas da região, as características do solo e o sistema produtivo adotado. Quer saber mais sobre como utilizar adubação verde de forma eficiente? Prossiga a leitura e confira os detalhes de cada forma de uso e manejo dos adubos verdes.

 

Biomassa dos adubos verdes: manter sobre a superfície do solo ou incorporar?

O manejo dos adubos verdes pode ser feito de duas formas diferentes: mantendo a biomassa das culturas sobre a superfície do solo ou incorporando-as no interior do solo. A primeira opção é mais prática e barata, e deve ser a escolhida quando o objetivo principal for proteger o solo dos processos erosivos. Nesse caso, a decomposição da biomassa vegetal tende a ser mais lenta e a liberação de nutrientes é feita gradativamente ao longo do tempo à medida que o material vegetal é decomposto. Nessa etapa, pode ser utilizado, por exemplo, roçadeiras para cortar os adubos verdes e mantê-los sobre a superfície do solo.

Por outro lado, a incorporação dos adubos verdes ao solo demanda mais investimentos, já que o solo precisa ser removido para que a biomassa vegetal seja incorporada. Essa técnica é ideal quando o objetivo é uma rápida liberação de nutrientes para o solo, principalmente nas camadas mais profundas do solo. Assim, o adubo verde é cortado, o solo é removido e a biomassa vegetal incorporada.

Seja qual for o manejo escolhido, é importante que o corte dos adubos verdes seja feito no momento da floração, antes da formação das vargens ou dos frutos, em cada caso. Isso porque na etapa da floração ocorre uma grande mobilização de nutrientes para as folhas, preparando a planta para a formação dos frutos. É nesse momento em que há maior concentração de nutrientes na biomassa vegetal, por isso o corte dos adubos verdes deve ser feito nesse momento, para garantir mais disponibilização de nutrientes para a cultura principal.

 

Adubos verdes em pré-cultivo

Conforme o próprio nome já diz, o uso de adubos verdes em pré-cultivo ocorre anteriormente ao cultivo da cultura principal. Assim, o adubo verde é plantado na área destinada ao plantio de uma cultura antes de sua implementação. O objetivo da adubação verde em pré-cultivo podem ser vários: descompactar camadas compactadas, quebrar o ciclo de pragas, controlar nematoides do solo, realizar a ciclagem de nutrientes etc. Essa forma de adubação verde pode ser utilizada tanto em culturas anuais como perenes. O objetivo principal é melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo para o melhor crescimento e desenvolvimento da cultura subsequente. 

 

Adubos verdes em consórcio

O cultivo de adubos verdes em consórcio com a cultura principal é ideal para culturas perenes e semiperenes já implementadas. Nesse caso, os adubos verdes são plantados nas entrelinhas do cultivo principal. Assim, deve-se ficar atento a alguns cuidados do cultivo em consórcio. Por exemplo, é preciso utilizar adubos verdes que não possuam substâncias que prejudiquem o desenvolvimento da cultura principal (substâncias alelopáticas); a densidade das plantas deve ser de tal maneira que evite a competição por água, luz e nutrientes; não deve ser utilizados adubos verdes de hábito trepador; também não deve ser utilizados adubos verdes que possam atrair insetos pragas ou patógenos para o cultivo principal. 

 

Conclusão

 

Chegamos ao fim do texto e, a partir da leitura, é possível concluir que a adubação verde é uma prática agrícola utilizada em agroecossistemas sustentáveis para aumentar a produtividade das culturas através da melhoria da qualidade química, física e biológica do solo, contribuindo para a redução dos custos de produção das culturas. Para a escolha das espécies de adubos verdes devem ser levados em consideração as condições climáticas da região, as características do solo, a disponibilidade de sementes na região, o objetivo do manejo agrícola, entre outros. Além disso, o manejo e a manutenção dos adubos verdes devem ser escolhidos de acordo com a necessidade do agricultor. 

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