Introdução

No texto de hoje você poderá conhecer mais sobre o nutriente fósforo e a sua importância para o crescimento e o desenvolvimento vegetal. Ao final da leitura, você saberá sobre os sintomas de deficiência de fósforo, bem como suas principais fontes para as culturas agrícolas, as épocas e modos de aplicação dos fertilizantes fosfatados e muito mais. Então, boa leitura!

 

Importância do fósforo para as plantas

O fósforo (P) é um macronutriente primário, juntamente com nitrogênio (N) e potássio (K). Quando fornecido em quantidades adequadas, estimula o desenvolvimento radicular e garante a boa formação dos frutos e sementes. Porém, diferente dos demais macronutrientes, ele é absorvido em quantidades menores pelos vegetais. Os teores de P na biomassa vegetal são muito baixos e podem até ser menores que os teores dos macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre) em determinados grupos de plantas. 

No entanto, o P é o nutriente que mais limita a produtividade das culturas de interesse agrícola, devido a sua baixa disponibilidade no solo e sua importância para a nutrição vegetal. Ele é um elemento importante para a formação dos frutos e das sementes; estimula o crescimento radicular; desempenha papel importante na fotossíntese, na respiração, no metabolismo de açúcares, na divisão celular, no alongamento das células. Além disso, está presente nos processos de transferência de energia dos vegetais e na formação de diversos compostos orgânicos, como fosfolipídios, ácidos nucleicos, proteínas e ésteres fosfatos.

 

Como o fósforo é absorvido pelas plantas?

As plantas absorvem o P do solo, principalmente, na forma de íon ortofosfatos (H2PO4). Por ser um elemento de baixa mobilidade no solo, ou seja, o P tem pouca capacidade de movimentação na solução do solo, o maior volume de raízes facilitará a sua aquisição pelos vegetais. Uma forma de aumentar a eficiência da absorção de P através do manejo é aplicar o adubo fosfatado próximo à raiz. Por outro lado, na planta, o P apresenta alta mobilidade e, rapidamente, é assimilado para a formação dos compostos orgânicos, como proteínas, fosfolipídios, ácidos nucleicos, entre outros. Devido a essa alta mobilidade do P na planta, os sintomas de deficiência são observados nas folhas velhas. Pois, em situações de baixa disponibilidade, o P é transferido rapidamente das folhas velhas para as jovens. 

E por falar em deficiência de P, os sintomas da carência desse nutriente nas plantas não são tão marcantes em comparação com outros nutrientes, como o N que causa amarelamento das folhas. No caso do P, pode ocorrer o avermelhamento de folhas e talos devido ao aumento de uma substância chamada antocianina. No entanto, o principal efeito da deficiência nutricional é a parada de crescimento vegetal. Plantas cultivadas em solos com baixa disponibilidade de P têm dificuldade para o desenvolvimento da parte aérea e da raiz. Muitas dessas plantas não conseguem completar o seu ciclo produtivo, já as que conseguem, apresentam floração irregular e má formação dos frutos. O que causa grande prejuízo financeiro para o produtor rural.

 

Portanto, o fornecimento de P via adubação fosfatada é imprescindível para garantir a produtividade almejada. Entretanto, a quantidade de adubo a ser aplicado no solo deve ser adequada para suprir a necessidade nutricional das plantas, evitando a adubação excessiva. O excesso de P não causa problemas de toxidez para as plantas, sendo, então, considerado como um “consumo de luxo”. O que, embora não cause prejuízos às lavouras, não é interessante que ocorra, pois a adubação fosfatada em excesso acarretará mais gastos para o produtor e não haverá ganhos significativos na produtividade.

 

Disponibilidade de fósforo nos solos

O Brasil está situado na região tropical do nosso Planeta. Algumas características dessa região são: altas temperaturas e alta precipitação. Devido a isso, a maior parte dos solos brasileiros são altamente intemperizados. Assim, é muito comum em nosso país solos bastante desenvolvidos, profundos, geralmente com boa qualidade física, mas com problemas de fertilidade. A maior parte dos solos intemperizados, naturalmente, são pobres em nutrientes básicos, como cálcio, magnésio, potássio, têm elevada acidez e alta capacidade de fixação de P, tornando-o indisponível para as culturas.

Assim sendo, em condições tropicais, a maior parte do P do solo encontra-se indisponível para as plantas, pois ele apresenta forte interação com as partículas sólidas do solo. O P da solução do solo pode ser fortemente retido às partículas de argila do solo, fenômeno conhecido como adsorção. Além disso, em solos ácidos, é comum a associação de P com ferro (Fe) e alumínio (Al), formando compostos que não são absorvidos pelas plantas. Esse fenômeno é conhecido como precipitação, que também pode ocorrer com cálcio (Ca) em solos com pH elevado ou que receberam grandes quantidades de fosfatos naturais.

Diante disso, grande parte do P que é adicionado via adubação fosfatada é adsorvido ou precipitado, assim, não é aproveitado pelas plantas. Por isso, é bastante comum a aplicação de quantidades de fertilizantes fosfatados além da necessidade das culturas para garantir que parte do P que está sendo fornecido seja absorvido pelos vegetais. Além disso, alguns cuidados na adubação são importantes para evitar a fixação de P no solo e favorecer a absorção pelas plantas. Veremos com mais detalhes no próximo tópico. 

 

Como reduzir a adsorção e a precipitação de fósforo?

Existem algumas práticas de manejo que são essenciais para garantir uma maior disponibilidade de P para as plantas através da redução da adsorção e da precipitação. A primeira prática que deve ser feita é a correção da acidez. Com isso há um aumento das cargas negativas na superfície das argilas e, consequentemente, a redução dos sítios de adsorção de P. Além disso, o aumento do pH neutraliza íons de Fe e Al evitando, assim, a precipitação de P.

Outra técnica que pode ser utilizada é a adição de matéria orgânica por meio, por exemplo, de adubos orgânicos, biofertilizantes, coberturas mortas. O aumento do teor de matéria orgânica no solo reduz a adsorção de P devido ao bloqueio dos sítios de adsorção pelos ácidos orgânicos. Além disso, o manejo da adubação fosfatada é muito importante. A adubação localizada é a mais indicada, pois mantem o P próximo às raízes das plantas, favorecendo a absorção pelos vegetais. Também é importante evitar que a adição do adubo fosfatado seja feita muito antes do plantio ou em grande volume quando a planta ainda não requer muita quantidade de P.

Por fim, algumas leguminosas, como feijão-de-porco, crotalária, feijão-guandu, cudzu tropical, têm grande capacidade de reciclar o P do solo. Assim, seu uso e manejo como adubos verdes pode ser uma técnica importante para maior disponibilidade de P em sistemas agrícolas. A seguir, confira, de maneira sintetizada, as principais formas de reduzir a adsorção e a precipitação de P em solos agrícolas: 

 

– Corrigir o pH do solo antes da aplicação da adubação fosfatada;

– Adicionar matéria orgânica ao solo;

– Realizar a adubação fosfatada localizada (próximo à raiz);

– Realizar a adubação fosfatada próximo ou no dia do plantio;

– Realizar adubação verde com plantas recicladoras de fósforo.

 

Como potencializar a eficiência da adubação fosfatada?

Conforme descrito anteriormente, o P é um dos nutrientes que mais limita a produção agrícola, principalmente devido a sua baixa disponibilidade nos solos tropicais. Portanto, a adubação fosfatada é uma prática necessária para o alcance de produtividades agrícolas satisfatórias. Entretanto, solos bastantes intemperizados apresentam alta capacidade de fixação de P, deixando-o indisponível para as plantas.

Diante disso, para potencializar a eficiência da adubação fosfatada em sistemas de cultivos, é necessário o manejo adequado da adubação, visando o maior aproveitamento de P pelas plantas. Para isso, uma série de aspectos devem ser considerados, conforme veremos a seguir.

 

Modos de aplicação dos fertilizantes fosfatados

A aplicação de P no solo pode ocorrer de duas formas: localizada no sulco de plantio e a lanço na superfície. Tradicionalmente a aplicação localizada era a mais recomendada para favorecer o contato direto da planta com o adubo fosfatado e, assim, reduzir as perdas por adsorção e, também, para facilitar a absorção de P pelas plantas, já que é um elemento pouco móvel no solo. 

Além disso, a principal vantagem da aplicação localizada é a praticidade de operação conjunta com a semeadura. Entretanto, pesquisas científicas e observações em campo demonstraram que esse método de aplicação de fertilizante resulta em plantas com menor desenvolvimento radicular. Isso ocorre porque a raiz tem maior desenvolvimento na região da linha de semeadura. Dessa forma, a planta terá menor resistência em situações de deficiência de água e torna-se mais suscetível ao tombamento. 

Por outro lado, a aplicação de P a lanço na superfície (com ou sem incorporação) tem a vantagem de proporcionar maior desenvolvimento radicular devido a maior distribuição de P no solo. Assim, as plantas apresentam maior capacidade de absorção de água e nutrientes, além de possuir uma maior resistência a secas e ao tombamento. No entanto, esse método de aplicação, além de aumentar as chances de adsorção de P, também pode provocar perda de P por lixiviação, que é quando há um movimento vertical do nutriente em solução do perfil do solo até o lençol freático. A lixiviação de P, além de causar a perda do nutriente do sistema, pode provocar a poluição de rios e lagos através da eutrofização. 

Diante das vantagens e das desvantagens dos dois métodos de aplicação de fertilizantes fosfatados, a escolha de um ou outro deve ser feita com base nas características da área, como por exemplo, tipo de solo, textura, topografia, tipo de cultura a ser implantada, níveis de P e de outros nutrientes no solo, o tipo de adubo a ser aplicado etc. Por isso, é essencial que o produtor rural conte com o auxílio de um profissional habilitado por meio de uma consultoria técnica.

 

Principais fontes de fósforo para as culturas agrícolas

As fontes de P para as plantas são divididas em minerais e naturais. A principal diferença entre elas é que as fontes minerais são mais solúveis, assim, o P aplicado via fertilizante é rapidamente liberado às plantas, o que pode favorecer para maior adsorção de P às partículas do solo. Por outro lado, as fontes naturais têm menor solubilidade e, com isso, a liberação de P é mais lenta. Assim, para culturas perenes e semiperenes o uso de fosfatos naturais pode ser interessante para uma maior liberação de P ao longo do ciclo da cultura.

 Dentre as principais fontes minerais de P estão: fosfato monoamônico ou MAP (10% de N e 46 a 50% de P2O5), fosfato diamônico ou DAP (16% de N e 38 a 40% de P2O5), superfosfato simples ou super simples (16 a 18% de P2O5 e 18 a 20% de Ca), superfosfato triplo ou super triplo (41% de P2O5 e 7 a 12% de Ca) e termofosfato (18% de P2O5, 9% de Mg, 20% de Ca e 25% de SiO4). Além do P, que é expresso em P2O5, os fertilizantes fosfatados também fornecem outros nutrientes essenciais para as plantas.

Por outro lado, os fosfatos naturais são fontes de P obtidas a partir de minérios fosfáticos. Após a extração das rochas fosfáticas, os fosfatos naturais podem passar por processos físicos de concentração, como lavagem e/ou flotação, para separá-los dos outros minerais com os quais estão misturados na jazida. Os depósitos fosfáticos são amplamente distribuídos em todo o mundo, com maior concentração de jazidas no norte da África e Estados Unidos. No Brasil, as principais jazidas de rocha fosfática são os fosfatos naturais de Patos de Minas (MG), Araxá (MG), Catalão (GO), Jacupiranga (SP), Abaeté (MG) e Alvorada (SP).

De acordo com a legislação brasileira, para ser denominado fosfato natural, um determinado fertilizante mineral simples obtido por moagem e peneiramento de rocha fosfática deve apresentar um teor mínimo total de 5% de P2O5

 

Épocas de aplicação dos fertilizantes fosfatados

Antes de mais nada, é importante destacar que, para maior eficiência da adubação fosfatada, o solo deve ter seu pH corrigido previamente à aplicação do adubo. Para as fontes minerais de P, como os fertilizantes MAP, DAP, super simples ou super triplo, recomenda-se que o adubo seja aplicado no ato do plantio para evitar a maior adsorção do fosfato no solo. Em muitas culturas, também é recomendado parcelar a adubação, para favorecer a absorção de P ao longo do ciclo produtivo das culturas. 

No entanto, caso seja aplicado fosfatos naturais, a aplicação pode ser feita poucas semanas ou até mesmo seis meses antes da semeadura de cultivos agrícolas. O fosfato natural é um produto que pode apresentar diferentes níveis de solubilidade, por isso, a depender da sua reatividade, a antecedência do momento de aplicação ao plantio irá variar. Além disso, o ciclo da cultura também deve ser considerado. Em cultivo de plantas de ciclo anual, a aplicação do fosfato natural deve ocorrer bem antes do plantio para garantir que as plantas consigam aproveitar o P.

 

Conclusão

O fósforo (P) é um nutriente essencial para o crescimento e o desenvolvimento vegetal, desempenhando papel importante em vários processos metabólicos das plantas, como a formação dos frutos e das sementes, estímulo do crescimento radicular, participação no alongamento das células e nos processos de transferência de energia dos vegetais, formação de fosfolipídios, ácidos nucleicos e proteínas etc. Diante dessa importância nutricional, a falta de P limita severamente a produtividade das culturas. 

Infelizmente, a maior parte dos solos brasileiros apresentam baixa disponibilidade de P por serem bastantes intemperizados. Assim, para o sucesso da atividade agrícola, é necessário, entre outras coisas, o fornecimento desse nutriente via adubação fosfatada. Entretanto, uma característica dos solos intemperizados é a alta capacidade de adsorção e precipitação de P, diminuindo, assim, o aproveitamento do adubo fosfatado pelas plantas.

Portanto, um grande desafio da agricultura brasileira é conseguir altos índices de produtividades cultivando em solos com alta capacidade de retenção de P. Por isso, para uma maior eficiência da adubação fosfatada, é necessário o uso de técnicas que visem a redução da adsorção e da precipitação de P nos solos agrícolas, como por exemplo, correção do pH do solo; adição de matéria orgânica ao solo e manejo adequado da adubação fosfatada.

Diante de todo o desafio do manejo de fósforo em sistemas agrícolas, o agricultor que tem a possibilidade de receber auxílio de um profissional especializado possui uma vantagem competitiva em relação aos demais agricultores. Por isso, nós, da Agroteg Digital, oferecemos todo suporte que o produtor rural precisa para maior eficiência da adubação fosfatada. Nosso auxílio vai desde a amostragem do solo, até a análise dos resultados e a recomendação de adubação. A partir de hoje, você sabe que poderá contar com a gente.

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Introdução

No texto de hoje você poderá conhecer mais sobre o nutriente fósforo e a sua importância para o crescimento e o desenvolvimento vegetal. Ao final da leitura, você saberá sobre os sintomas de deficiência de fósforo, bem como suas principais fontes para as culturas agrícolas, as épocas e modos de aplicação dos fertilizantes fosfatados e muito mais. Então, boa leitura!

 

Importância do fósforo para as plantas

O fósforo (P) é um macronutriente primário, juntamente com nitrogênio (N) e potássio (K). Quando fornecido em quantidades adequadas, estimula o desenvolvimento radicular e garante a boa formação dos frutos e sementes. Porém, diferente dos demais macronutrientes, ele é absorvido em quantidades menores pelos vegetais. Os teores de P na biomassa vegetal são muito baixos e podem até ser menores que os teores dos macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre) em determinados grupos de plantas. 

No entanto, o P é o nutriente que mais limita a produtividade das culturas de interesse agrícola, devido a sua baixa disponibilidade no solo e sua importância para a nutrição vegetal. Ele é um elemento importante para a formação dos frutos e das sementes; estimula o crescimento radicular; desempenha papel importante na fotossíntese, na respiração, no metabolismo de açúcares, na divisão celular, no alongamento das células. Além disso, está presente nos processos de transferência de energia dos vegetais e na formação de diversos compostos orgânicos, como fosfolipídios, ácidos nucleicos, proteínas e ésteres fosfatos.

 

Como o fósforo é absorvido pelas plantas?

As plantas absorvem o P do solo, principalmente, na forma de íon ortofosfatos (H2PO4). Por ser um elemento de baixa mobilidade no solo, ou seja, o P tem pouca capacidade de movimentação na solução do solo, o maior volume de raízes facilitará a sua aquisição pelos vegetais. Uma forma de aumentar a eficiência da absorção de P através do manejo é aplicar o adubo fosfatado próximo à raiz. Por outro lado, na planta, o P apresenta alta mobilidade e, rapidamente, é assimilado para a formação dos compostos orgânicos, como proteínas, fosfolipídios, ácidos nucleicos, entre outros. Devido a essa alta mobilidade do P na planta, os sintomas de deficiência são observados nas folhas velhas. Pois, em situações de baixa disponibilidade, o P é transferido rapidamente das folhas velhas para as jovens. 

E por falar em deficiência de P, os sintomas da carência desse nutriente nas plantas não são tão marcantes em comparação com outros nutrientes, como o N que causa amarelamento das folhas. No caso do P, pode ocorrer o avermelhamento de folhas e talos devido ao aumento de uma substância chamada antocianina. No entanto, o principal efeito da deficiência nutricional é a parada de crescimento vegetal. Plantas cultivadas em solos com baixa disponibilidade de P têm dificuldade para o desenvolvimento da parte aérea e da raiz. Muitas dessas plantas não conseguem completar o seu ciclo produtivo, já as que conseguem, apresentam floração irregular e má formação dos frutos. O que causa grande prejuízo financeiro para o produtor rural.

 

Portanto, o fornecimento de P via adubação fosfatada é imprescindível para garantir a produtividade almejada. Entretanto, a quantidade de adubo a ser aplicado no solo deve ser adequada para suprir a necessidade nutricional das plantas, evitando a adubação excessiva. O excesso de P não causa problemas de toxidez para as plantas, sendo, então, considerado como um “consumo de luxo”. O que, embora não cause prejuízos às lavouras, não é interessante que ocorra, pois a adubação fosfatada em excesso acarretará mais gastos para o produtor e não haverá ganhos significativos na produtividade.

 

Disponibilidade de fósforo nos solos

O Brasil está situado na região tropical do nosso Planeta. Algumas características dessa região são: altas temperaturas e alta precipitação. Devido a isso, a maior parte dos solos brasileiros são altamente intemperizados. Assim, é muito comum em nosso país solos bastante desenvolvidos, profundos, geralmente com boa qualidade física, mas com problemas de fertilidade. A maior parte dos solos intemperizados, naturalmente, são pobres em nutrientes básicos, como cálcio, magnésio, potássio, têm elevada acidez e alta capacidade de fixação de P, tornando-o indisponível para as culturas.

Assim sendo, em condições tropicais, a maior parte do P do solo encontra-se indisponível para as plantas, pois ele apresenta forte interação com as partículas sólidas do solo. O P da solução do solo pode ser fortemente retido às partículas de argila do solo, fenômeno conhecido como adsorção. Além disso, em solos ácidos, é comum a associação de P com ferro (Fe) e alumínio (Al), formando compostos que não são absorvidos pelas plantas. Esse fenômeno é conhecido como precipitação, que também pode ocorrer com cálcio (Ca) em solos com pH elevado ou que receberam grandes quantidades de fosfatos naturais.

Diante disso, grande parte do P que é adicionado via adubação fosfatada é adsorvido ou precipitado, assim, não é aproveitado pelas plantas. Por isso, é bastante comum a aplicação de quantidades de fertilizantes fosfatados além da necessidade das culturas para garantir que parte do P que está sendo fornecido seja absorvido pelos vegetais. Além disso, alguns cuidados na adubação são importantes para evitar a fixação de P no solo e favorecer a absorção pelas plantas. Veremos com mais detalhes no próximo tópico. 

 

Como reduzir a adsorção e a precipitação de fósforo?

Existem algumas práticas de manejo que são essenciais para garantir uma maior disponibilidade de P para as plantas através da redução da adsorção e da precipitação. A primeira prática que deve ser feita é a correção da acidez. Com isso há um aumento das cargas negativas na superfície das argilas e, consequentemente, a redução dos sítios de adsorção de P. Além disso, o aumento do pH neutraliza íons de Fe e Al evitando, assim, a precipitação de P.

Outra técnica que pode ser utilizada é a adição de matéria orgânica por meio, por exemplo, de adubos orgânicos, biofertilizantes, coberturas mortas. O aumento do teor de matéria orgânica no solo reduz a adsorção de P devido ao bloqueio dos sítios de adsorção pelos ácidos orgânicos. Além disso, o manejo da adubação fosfatada é muito importante. A adubação localizada é a mais indicada, pois mantem o P próximo às raízes das plantas, favorecendo a absorção pelos vegetais. Também é importante evitar que a adição do adubo fosfatado seja feita muito antes do plantio ou em grande volume quando a planta ainda não requer muita quantidade de P.

Por fim, algumas leguminosas, como feijão-de-porco, crotalária, feijão-guandu, cudzu tropical, têm grande capacidade de reciclar o P do solo. Assim, seu uso e manejo como adubos verdes pode ser uma técnica importante para maior disponibilidade de P em sistemas agrícolas. A seguir, confira, de maneira sintetizada, as principais formas de reduzir a adsorção e a precipitação de P em solos agrícolas: 

 

– Corrigir o pH do solo antes da aplicação da adubação fosfatada;

– Adicionar matéria orgânica ao solo;

– Realizar a adubação fosfatada localizada (próximo à raiz);

– Realizar a adubação fosfatada próximo ou no dia do plantio;

– Realizar adubação verde com plantas recicladoras de fósforo.

 

Como potencializar a eficiência da adubação fosfatada?

Conforme descrito anteriormente, o P é um dos nutrientes que mais limita a produção agrícola, principalmente devido a sua baixa disponibilidade nos solos tropicais. Portanto, a adubação fosfatada é uma prática necessária para o alcance de produtividades agrícolas satisfatórias. Entretanto, solos bastantes intemperizados apresentam alta capacidade de fixação de P, deixando-o indisponível para as plantas.

Diante disso, para potencializar a eficiência da adubação fosfatada em sistemas de cultivos, é necessário o manejo adequado da adubação, visando o maior aproveitamento de P pelas plantas. Para isso, uma série de aspectos devem ser considerados, conforme veremos a seguir.

 

Modos de aplicação dos fertilizantes fosfatados

A aplicação de P no solo pode ocorrer de duas formas: localizada no sulco de plantio e a lanço na superfície. Tradicionalmente a aplicação localizada era a mais recomendada para favorecer o contato direto da planta com o adubo fosfatado e, assim, reduzir as perdas por adsorção e, também, para facilitar a absorção de P pelas plantas, já que é um elemento pouco móvel no solo. 

Além disso, a principal vantagem da aplicação localizada é a praticidade de operação conjunta com a semeadura. Entretanto, pesquisas científicas e observações em campo demonstraram que esse método de aplicação de fertilizante resulta em plantas com menor desenvolvimento radicular. Isso ocorre porque a raiz tem maior desenvolvimento na região da linha de semeadura. Dessa forma, a planta terá menor resistência em situações de deficiência de água e torna-se mais suscetível ao tombamento. 

Por outro lado, a aplicação de P a lanço na superfície (com ou sem incorporação) tem a vantagem de proporcionar maior desenvolvimento radicular devido a maior distribuição de P no solo. Assim, as plantas apresentam maior capacidade de absorção de água e nutrientes, além de possuir uma maior resistência a secas e ao tombamento. No entanto, esse método de aplicação, além de aumentar as chances de adsorção de P, também pode provocar perda de P por lixiviação, que é quando há um movimento vertical do nutriente em solução do perfil do solo até o lençol freático. A lixiviação de P, além de causar a perda do nutriente do sistema, pode provocar a poluição de rios e lagos através da eutrofização. 

Diante das vantagens e das desvantagens dos dois métodos de aplicação de fertilizantes fosfatados, a escolha de um ou outro deve ser feita com base nas características da área, como por exemplo, tipo de solo, textura, topografia, tipo de cultura a ser implantada, níveis de P e de outros nutrientes no solo, o tipo de adubo a ser aplicado etc. Por isso, é essencial que o produtor rural conte com o auxílio de um profissional habilitado por meio de uma consultoria técnica.

 

Principais fontes de fósforo para as culturas agrícolas

As fontes de P para as plantas são divididas em minerais e naturais. A principal diferença entre elas é que as fontes minerais são mais solúveis, assim, o P aplicado via fertilizante é rapidamente liberado às plantas, o que pode favorecer para maior adsorção de P às partículas do solo. Por outro lado, as fontes naturais têm menor solubilidade e, com isso, a liberação de P é mais lenta. Assim, para culturas perenes e semiperenes o uso de fosfatos naturais pode ser interessante para uma maior liberação de P ao longo do ciclo da cultura.

 Dentre as principais fontes minerais de P estão: fosfato monoamônico ou MAP (10% de N e 46 a 50% de P2O5), fosfato diamônico ou DAP (16% de N e 38 a 40% de P2O5), superfosfato simples ou super simples (16 a 18% de P2O5 e 18 a 20% de Ca), superfosfato triplo ou super triplo (41% de P2O5 e 7 a 12% de Ca) e termofosfato (18% de P2O5, 9% de Mg, 20% de Ca e 25% de SiO4). Além do P, que é expresso em P2O5, os fertilizantes fosfatados também fornecem outros nutrientes essenciais para as plantas.

Por outro lado, os fosfatos naturais são fontes de P obtidas a partir de minérios fosfáticos. Após a extração das rochas fosfáticas, os fosfatos naturais podem passar por processos físicos de concentração, como lavagem e/ou flotação, para separá-los dos outros minerais com os quais estão misturados na jazida. Os depósitos fosfáticos são amplamente distribuídos em todo o mundo, com maior concentração de jazidas no norte da África e Estados Unidos. No Brasil, as principais jazidas de rocha fosfática são os fosfatos naturais de Patos de Minas (MG), Araxá (MG), Catalão (GO), Jacupiranga (SP), Abaeté (MG) e Alvorada (SP).

De acordo com a legislação brasileira, para ser denominado fosfato natural, um determinado fertilizante mineral simples obtido por moagem e peneiramento de rocha fosfática deve apresentar um teor mínimo total de 5% de P2O5

 

Épocas de aplicação dos fertilizantes fosfatados

Antes de mais nada, é importante destacar que, para maior eficiência da adubação fosfatada, o solo deve ter seu pH corrigido previamente à aplicação do adubo. Para as fontes minerais de P, como os fertilizantes MAP, DAP, super simples ou super triplo, recomenda-se que o adubo seja aplicado no ato do plantio para evitar a maior adsorção do fosfato no solo. Em muitas culturas, também é recomendado parcelar a adubação, para favorecer a absorção de P ao longo do ciclo produtivo das culturas. 

No entanto, caso seja aplicado fosfatos naturais, a aplicação pode ser feita poucas semanas ou até mesmo seis meses antes da semeadura de cultivos agrícolas. O fosfato natural é um produto que pode apresentar diferentes níveis de solubilidade, por isso, a depender da sua reatividade, a antecedência do momento de aplicação ao plantio irá variar. Além disso, o ciclo da cultura também deve ser considerado. Em cultivo de plantas de ciclo anual, a aplicação do fosfato natural deve ocorrer bem antes do plantio para garantir que as plantas consigam aproveitar o P.

 

Conclusão

O fósforo (P) é um nutriente essencial para o crescimento e o desenvolvimento vegetal, desempenhando papel importante em vários processos metabólicos das plantas, como a formação dos frutos e das sementes, estímulo do crescimento radicular, participação no alongamento das células e nos processos de transferência de energia dos vegetais, formação de fosfolipídios, ácidos nucleicos e proteínas etc. Diante dessa importância nutricional, a falta de P limita severamente a produtividade das culturas. 

Infelizmente, a maior parte dos solos brasileiros apresentam baixa disponibilidade de P por serem bastantes intemperizados. Assim, para o sucesso da atividade agrícola, é necessário, entre outras coisas, o fornecimento desse nutriente via adubação fosfatada. Entretanto, uma característica dos solos intemperizados é a alta capacidade de adsorção e precipitação de P, diminuindo, assim, o aproveitamento do adubo fosfatado pelas plantas.

Portanto, um grande desafio da agricultura brasileira é conseguir altos índices de produtividades cultivando em solos com alta capacidade de retenção de P. Por isso, para uma maior eficiência da adubação fosfatada, é necessário o uso de técnicas que visem a redução da adsorção e da precipitação de P nos solos agrícolas, como por exemplo, correção do pH do solo; adição de matéria orgânica ao solo e manejo adequado da adubação fosfatada.

Diante de todo o desafio do manejo de fósforo em sistemas agrícolas, o agricultor que tem a possibilidade de receber auxílio de um profissional especializado possui uma vantagem competitiva em relação aos demais agricultores. Por isso, nós, da Agroteg Digital, oferecemos todo suporte que o produtor rural precisa para maior eficiência da adubação fosfatada. Nosso auxílio vai desde a amostragem do solo, até a análise dos resultados e a recomendação de adubação. A partir de hoje, você sabe que poderá contar com a gente.

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